Resumo:
O sistema agroindustrial do café vem ao longo dos anos passando por significativas alterações, existindo por parte das grandes redes varejistas e dos consumidores uma crescente preocupação com a forma de produção em relação aos critérios socioambientais na cultura do café. Como consequência, existe uma demanda crescente por cafés sustentáveis e certificados, sendo o Brasil um dos países produtores capazes de atender esse segmento do mercado mundial. Para que se mantenha e possa expandir essa posição, faz-se necessária a implantação de políticas públicas e privadas no sentido de inserir novos cafeicultores nesse mercado de cafés diferenciados, exigindo ações que visem à adequação das propriedades agrícolas às Boas Práticas Agrícolas (BPAs). Essa adequação passa por programas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), que devem ser realizados de acordo com o perfil ou desempenho dos cafeicultores, em dada região produtora. Nesse sentido, a separação em “clusters” surge como uma estratégia para viabilizar a certificação em grupos. Objetivou-se, no presente trabalho, avaliar a separação por cluster levando em consideração o desempenho de grupos de propriedades rurais em relação às BPAs no cultivo de café, visando à identificação de políticas de Assistência Técnica e Extensão Rural, focadas nas necessidades desses agricultores. O objeto de estudo foi a Associação dos Agricultores Familiares de Santo Antônio do Amparo (AFASA). O diferencial desse estudo está justamente no uso de metodologias utilizadas pela área de Ciências Sociais Aplicadas, aliadas à análise do desempenho agronômico das propriedades avaliadas. A pesquisa foi realizada com 32 cafeicultores, entre os meses de maio e junho de 2009 por meio da aplicação de um questionário estruturado do tipo Survey. Por meio da análise dos dados e da identificação de clusters, observou-se a existência de diferenças significativas entre os grupos de propriedades, sendo possível a separação do conjunto de propriedades em dois grupos, com relativa superioridade. O cruzamento de dados que caracterizaram os grupos com algumas variáveis socioeconômicas possibilitou afirmar que os cafeicultores do Grupo 1, além de apresentarem melhor desempenho relacionado às BPAs no cultivo de café, possuem maior nível de instrução formal (escolaridade), menor tempo na atividade cafeeira, maior renda familiar, e realizam pesquisa de mercado de forma mais sistemática antes de comercializar seu café.