Resumo:
A cultura do café é de grande importância na geração de divisas para o País, pois as exportações giram anualmente em torno de 2,5 bilhões de dólares. Alem do aspecto econômico, verifica-se que essa cultura tem uma grande relevância social, empregando um número consideravel de pessoas. Sabe-se que os constantes desequilíbrios entre oferta e demanda de café têm gerado um quadro de instabilidade geral de preços, nacional e internacionalmente. Essas flutuações redundam em grandes perdas de divisas para os países exportadores. Assim, os países produtores (exportadores) e consumidores tentam a formalizapão de acordos internacionais, na tentativa de estabilizar os preços. O presente trabalho tem como objetivos analisar os efeitos econômicos da estabilização de preços de café, com ou sem a presença do acordo internacional, no período de
1960 a 1992: e discutir os efeitos potenciais do Acordo de Retenção de Estoques de Café dos países exportadores em
relação ao Brasil. Utilizou-se a teoria dos excedentes para quantificar os ganhos (perdas) dos consumidores, dos produtores e o
benefício social. Foi usado como instrumental analítico o modelo de HUETH e SCHMITZ (1 9 7 2 ). Os dados utilizados para estimar a curva de oferta e a de demanda de exportacão foram obtidos das principais publicações de instituições que realizam pesquisas nas Areas de comércio internacional de café e demais produtos, como Instituto Brasileiro do Café (IBC-MIC), Fundo Monetario Internacional (FMI), Instituto de Economia Agrícola (IEA), Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em relação aos efeitos econômicos da estabilização de preços, analisaram-se as variabilidades miiximas e mínimas, média de preços praticados nos 15 anos, sem as cláusulas econômicas do AIC, e a média dos praticados nos 10 anos quando já existiam essas cláusulas. Em todas as situações analisadas, os consumidores tiveram ganhos líquidos, enquanto o s produtores (Brasil) e a sociedade tiveram perdas liquidas no com6rcio internacional do café no período estudado. Quanto aos efeitos potenciais do Acordo de Retenção de Estoque de Café entre os países produtores, verificou-se que, de imediato, quando os países produtores estavam negociando a implantação da Associação dos Países Produtores de Café (APPC), o café teve uma alta de 7 0 a 90 pontos no mercado a termo café em Nova York, sinalizando que os preços iriam se elevar com tal política de exportação dos países produtores. Os resultados deste estudo mostraram que a APPC deslocou a equação de oferta brasileira de café para a esquerda e para cima, e que os efeitos econômicos seriam também negativos para os produtores. Embora os valores das perdas sejam bem menores que as causadas pelo AIC. Conclui-se que, durante todo o período analisado, o Brasil e a sociedade perderam excedentes econômicos. enquanto os consumidores ganharam com as políticas de estabilização de preços.