Resumo:
A região cafeeira do Paraná está localizada em alta latitude, numa área de transição climática que apresenta grande diversidade de clima e solo. Estas condições interferem na formação e maturação dos frutos, alterando as características intrínsecas do grão, o que possibilita a obtenção dos mais variados tipos de cafés, com potencial para a exploração de cafés especiais. O objetivo deste trabalho foi avaliar as caracterís-ticas intrínsecas do grão de café produzido nas diferentes regiões cafeeiras do Paraná, visando dar suporte à exploração de cafés especiais. Um total de 130 amostras de cafés foram coletadas em 43 municípios do Paraná (21 % dos municípios cafeeiros), em número de duas a cinco propriedades por município. Todas as
amostras foram provenientes de lavouras da variedade IAPAR 59. O café foi colhido no estágio de cereja e levado imediatamente para Londrina, em embalagem adequada para evitar fermentação. As coletas das amostras foram realizadas por Técnicos da EMATER-PR, das Cooperativas de Cafeicultores e do IAPAR. Os cafés foram secos em coco, após a retirada de todos os frutos verdes ou meio maduros das amostras. A secagem foi realizada na estação experimental do IAPAR em Londrina-PR., em esteiras com fundo de tela e com movimen-tação do café a cada 30 minutos, até atingir a umidade de 11%. Após a secagem, as amostras foram bene-ficiadas, codificadas e enviadas ao DECAF/MAPA-PR. para a prova de xícara. Nesta etapa, identificou-se todos os defeitos do café beneficiado. Foi adotada a torra clara, utilizada normalmente no comércio de café. A prova de xícara foi realizada por cinco classificadores experientes da Indústria e do Comércio de café, previamente treinados na escala adotada para o experimento. Para a classificação dos cafés contou-se com o apoio da Companhia Cacique de Café Solúvel, da Companhia Iguaçu de Café Solúvel, do Centro do Comércio do Café do Norte do Paraná, da Bolsa de Cereais e Mercadorias de Londrina e do Departamento Nacional do Café. Foram avaliadas as características de aroma; sabor; acidez; corpo; doçura e atribuída uma nota global ao café em função do conjunto destas características. A escala adotada foi de 1 a 10 para cada uma das características avaliadas. Com base nas Cartas Climáticas do Paraná - IAPAR - edição 2000, identificou-se a faixa de temperatura média anual de cada município onde foram coletadas as amostras. As faixas de tempe-ratura média da região cafeeira do Paraná foram de: 19 - 20°C; 20 - 21°C; 21 - 22°C; 22 - 23°C e 23 - 24°C. Os resultados mostraram que para todas as características as notas foram crescentes inversamente com a temperatura. Os cafés das regiões de faixa de temperatura 19 - 20°C e 20 - 21°C apresentaram características de sabor, aroma, acidez, corpo e doçura bem elevados e receberam nota global média de 8,90 e 8,48, respectivamente. Os cafés na faixa de temperatura de 21 - 22°C mostraram-se bem equilibrados e apresentaram nota global média de 7,88. Os café nas faixas de temperatura média de 22 - 23°C e 23 - 24°C foram muito semelhantes entre si, em todas as características, recebendo nota global de 7,57 e 7,40, respectivamente. Nestas duas faixas de temperatura média mais elevada, os cafés apresentaram a mais baixa acidez, que podem atender determinados tipos de mercado e compor blends com cafés de maior acidez. Os resultados indicaram que em função de sua ampla diversidade climática, o Paraná tem grande potencial para produzir diferentes tipos de café para atender as necessidades dos mais exigentes mercados de cafés especi-ais.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.