Estudo dos parâmetros de extração de lipídios de café verde com etanol comercial

Abstract

O óleo de café pode ser extraído usando diferentes solventes, resultando em produtos com diferentes quantidades de aromáticos e ceras. Convencionalmente, o óleo de café industrializado é obtido pelo processo de prensagem dos grãos em “expeller”, mas há uma escassez de dados atualizados na literatura brasileira sobre processamento e caracterização do óleo de café. Recentemente, novas técnicas para extração do óleo foram avaliadas, em escala de laboratório, visando o aumento no rendimento do processo. Neste trabalho, foram analisados os parâmetros do processo de extração de lipídios, a partir de grãos de café verde variedade robusta, com etanol comercial. O uso de etanol em substituição a derivados de petróleo implica não só em reduzir a dependência tecnológica em relação aos mesmos, como também na preservação do meio ambiente e do homem. A obtenção de etanol a partir da cana de açúcar coloca o Brasil em uma posição privilegiada para desenvolver tecnologias energeticamente vantajosas. As variáveis analisadas no rendimento da extração do óleo foram: pré-tratamento da amostra (moagem ou extrusão termoplástica), umidade, tamanho de partícula, temperatura e razão amostra/ etanol. Os dados experimentais, obtidos através de um planejamento fatorial, foram avaliados pela técnica de análise de efeitos (ANOVA). Concluiu-se que todos os parâmetros analisados foram relevantes ao nível de 90% de significância. O pré-tratamento das amostras por extrusão termoplástica não favoreceu o rendimento do processo. As condições otimizadas para a extração do óleo de café verde com etanol foram: sementes moídas, tamanho de partícula menor que 0,5 mm, umidade do grão inferior a 3%, temperatura de 75 o C e razão etanol/amostra 3:1. Nestas condições a quantidade de lipídios extraída com etanol foi maior (13,00±0,05%) que aquela obtida com éter de petróleo 30-60 o C em extrator Butt (10,36±0,01% de óleo). Isto ocorre pois a temperatura do processo com etanol (75 o C) favoreceu a remoção de substâncias não-lipídicas para o extrato oleoso, em especial dos ácidos clorogênicos (2,87± 0,06%). Os extratos obtidos com álcool apresentaram índice de acidez e peróxido similares às do óleo extraído com éter de petróleo.