Resumo:
Com a ampliação da cafeicultura para regiões consideradas marginais climaticamente, a irrigação passou a ser uma tecnologia necessária para a garantia da qualidade e produtividade do cafeeiro. Muitos são os sistemas utilizados para irrigação de café, porém têm-se destacado aqueles que permitem a economia de água, energia e mão-de-obra, como o gotejamento. Porém, uma das principais vantagens desse sistema que não está sendo corretamente utilizada pelos cafeicultores irrigantes é a fertirrigação, que se constitui na técnica da aplicação simultâneas de água e fertilizantes, através do sistema de irrigação. Dentro dessa perspectiva, foi instalado um experimento na Fazenda Escola da Universidade de Uberaba (Uberaba - MG), em Latossolo Vermelho amarelo textura arenosa, a 850 metros de altitude, em lavoura de café Catuaí 144, plantado em dezembro de 1998 no espaçamento de 4,0 x 0,5 m, e irrigada por gotejamento Antes do início do experimento, procedeu-se a avaliação do sistema de irrigação, para determinação de sua uniformidade de aplicação. Esse procedimento se repetiu após a colheita da primeira safra, sendo obtidos coeficientes de uniformidade superiores a 90% para todos os tratamentos, o que permite concluir que o sistema opera de forma extremamente satisfatória, especialmente para a prática da fertirrigação. Os tratamentos se referiram às variações na forma e parcelamento da adubação recomendada de cobertura, da seguinte forma: a) Adubação de cobertura convencional química em 04 aplicações; b) Adubação de cobertura com adubos convencionais, via fertirrigação em 16 aplicações, via água de irrigação; c) Adubação de cobertura com adubos próprios para fertirrigação em 16 aplicações, via
água de irrigação; d) Adubação de cobertura com fertilizantes organominerais sólidos, em 4 aplicações; e) Adubação de cobertura com fertilizantes organominerais líquidos em 16 aplicações, via fertirrigação. Para efeito de comparação, foram mantidas para os diferentes tratamentos as mesmas dosagens de N, K 2 O e P 2 O 5 . O delineamento experimental utilizado foi inteiramente ao acaso, com 5 tratamentos e 3 repetições, totalizando 15 parcelas experimentais de 100 m. O controle da irrigação foi realizado a partir de uma estação agrometeorológica automática, que possibilitou a estimativa da evapotranspiração da cultura pelo Método de Penman Monteith, segundo recomendações da FAO. Analisando-se os dados, obtidos após as duas primeiras safras, observa-se que não foram verificadas grandes diferenças estatísticas entre os tratamentos, com produtividades de 53,2 até 67,7 sacas beneficiadas por hectare. O tratamento que se baseou na aplicação de fontes químicas de nutrientes aplicados diretamente no solo foi superior aos demais. Após a análise sensorial, o melhor tratamento em relação à qualidade de bebida foi a fertilização com produtos organominerais via água de irrigação, que resultou em bebida apenas mole. O restante dos tratamentos forneceu café com bebida dura, notando-se no geral grande quantidade de frutos verdes em todas a amostras (valores superiores a 40%), característica de áreas irrigadas de café. Em relação à peneira, verificou-se uma porcentagem mínima de 65% de peneira 16 ou acima, sendo o melhor tratamento neste quesito o referente à aplicação de produtos químicos via adubação convencional, com a porcentagem de 85% de peneira 16 ou acima. Em linhas gerais, após duas safras, pode-se concluir preliminarmente que: a) a fonte de fertilizante não afeta significativamente a produção do cafeeiro, desde que o mesmo seja bem suprido de água e nutrientes; b) a irrigação promove desuniformidade de colheita, o que afeta a qualidade final da bebida, apesar de garantir a produtividade da lavoura mesmo em anos subseqüentes; c) em geral, a fonte de fertilizante e o número de parcelamentos não afetou a qualidade final do café colhido.