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Igreja, Abel Ciro Minniti; Bliska, Flávia Maria de Mello. Impactos da adoção de novas tecnologias na distribuição geográfica e na estrutura da cafeicultura paulista. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil e Workshop Internacional de Café & Saúde, (3. : 2003 : Porto Seguro). Anais. Brasília, DF : Embrapa Café, 2003. (447p.), p. 380. |
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Alguns estudos têm apontado a redução da representatividade da cafeicultura paulista frente aos demais Estados produtores, ao mesmo tempo que algumas regiões do Estado têm apresentado aumentos de produtividade e têm produzido cafés de excelente qualidade. Este trabalho teve por objetivo analisar se no Estado de São Paulo tem ocorrido um aumento da produtividade em detrimento da área plantada total, provavelmente via produção em larga escala e utilização de tecnologias modernas, como irrigação e colheita mecânica, fatores que contribuem para elevados níveis de produtividade. Este estudo utiliza metodologia proposta para estudar os componentes do crescimento da agricultura brasileira, com ênfase sobre a área,
rendimento, composição da produção e localização geográfica. Uma vez que este estudo trata de uma só atividade agrícola - a cafeicultura - optou-se pela especificação de um modelo shift-share, como é comumente denominado, em sua versão física, ou seja, excluindo a utilização de valores monetários. As variáveis utilizadas para análise foram a área colhida de café, a produção e o rendimento aparente (quantidade produzida dividida pela área total). Tomou-se como base para os cálculos as 63 microrregiões geográficas do Estado de São Paulo, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e analisou-se o período 1990-2000. Verificou-se que o rendimento foi o efeito que mais sobressaiu como fator de crescimento da produção no
período analisado, mas sua magnitude não foi suficiente para contrabalançar o efeito área, o qual causou um forte decréscimo na produção. No que diz respeito ao efeito localização geográfica, embora o valor para o período como um todo tenha sido positivo, seu valor foi bastante pequeno frente aos demais. A simulação desses efeitos mostrou que se a produção paulista de café tivesse evoluído somente a partir do efeito rendimento - não se considerando os efeitos área e localização geográfica, a produção teria partido de um patamar próximo das 600,0 mil toneladas, no início do período, e teria atingido a casa das 800,0 mil toneladas, maior patamar dentre as simulações feitas. Quanto à simulação com o efeito área, verificou-se um movimento
oposto, um fator de desaceleração do crescimento, uma vez que, com apenas ele operando, a produção teria apresentado um decréscimo para cerca de 250,0 mil toneladas. Quanto ao efeito localização geográfica, notou-se que a série se manteria estável se somente esse fator tivesse agido na evolução da produção. Verificou-se, portanto, que a cafeicultura paulista apresentou nos anos 90 um quadro evolutivo que sugere uma forte seleção de produtores. Ou seja, saíram da atividade os produtores menos eficientes e produtivos, e nela permaneceram os mais propensos a absorverem a tecnologia moderna, como indica o efeito-rendimento mais pronunciado. A provável adoção de práticas culturais voltadas para a melhoria da qualidade da bebida deve ser um fator associado ao aumento da produtividade, tendo em vista as oportunidades de ganhos adicionais que o mercado se dispõe a pagar por um produto superior. Além da vantagem de um mercado consumidor de grande porte, e de contar com uma parcela importante da indústria de torrefação em seu território, o Estado de São Paulo oferece ainda infra-estrutura adequada para a exportação do produto de qualidade e com maior valor adicionado. Daí deriva a importância da continuidade de se consolidar um programa de pesquisas para a cadeia produtiva do café, ainda que o elo agrícola aparentemente venha perdendo espaço no conjunto das atividades agropecuárias do Estado. |
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