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Costa, Sidnei Lopes da; Silva, Orlando Monteiro da; Leite, Carlos Antônio Moreira. Novos condicionantes da demanda de café no Brasil e projeções para 2010. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil e Workshop Internacional de Café & Saúde, (3. : 2003 : Porto Seguro). Anais. Brasília, DF : Embrapa Café, 2003. (447p.), p. 381-382. |
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É reconhecido que a cafeicultura participou intensamente do progresso e do desenvolvimento de várias regiões brasileiras e até os dias de hoje, apesar de ter sua participação nas exportações totais do país reduzida, o agronegócio café é de suma importância na geração de renda e empregos em muitos municípios brasileiros. Ao longo do processo de desenvolvimento da cafeicultura brasileira, pouca importância tem sido dada ao mercado consumidor interno, ficando este sempre relegado a um segundo plano nas decisões de política cafeeira. O país ocupa hoje a segunda colocação entre os maiores consumidores mundiais de café, e a primeira posição dentre os maiores produtores, destacando-se ainda, o fato do Brasil ser o único país produtor que consome parcela significativa de sua produção. No início da década de 90, com a extinção do IBC, o mercado interno, juntamente com toda cadeia produtiva do café, passou por grandes transformações em sua estrutura, que afetaram os níveis de consumo per capita e total de café. Com a implantação do selo de pureza em 1989, iniciou-se a mudança de uma imagem negativa que os cafés consumidos internamente tinham perante os consumidores. Também merecem destaques, com relação ao consumo interno, a implantação do plano real em 1994, e a participação das mulheres no mercado de trabalho. Ao eliminar a inflação e elevar a renda real dos consumidores o plano real teve efeito significativo no consumo de café. O aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho com uma conseqüente redução do tempo para o preparo de café na sua forma tradicional (no coador), forçou uma substituição por formas de maior conveniência no preparo, dentre as quais, a utilização do café solúvel. Outros fatores que interferiram na ampliação do consumo de café no Brasil, foram uma maior diversificação nos tipos e bebidas a base de café (ex. café expresso), e mudanças nos hábitos da população brasileira (refeições fora de casa). Para captar esses efeitos no consumo interno, foram estimadas funções de regressão múltipla incluindo tais variáveis, com o objetivo de explicar a evolução do consumo dos cafés torrado e moído e solúvel, frente a essa nova realidade. Tais funções serviriam também, ao objetivo de prever como se comportará o consumo no futuro. O modelo teórico utilizado baseia-se na teoria neoclássica da demanda, utilizada para explicar o comportamento do consumidor. As variáveis
utilizadas mostraram-se estacionárias, sendo, portanto, utilizadas em nível nos modelos de regressão. Utilizou-se variáveis dummies para os efeitos do plano real e da implantação do selo de pureza. Os resultados obtidos indicaram que a demanda pelo café torrado e moído é inelástica (-0,069) e, portanto, pouco sensível às variações de preço. A elasticidade preço encontrada para o café solúvel foi igual a -0,604. Quanto à participação das mulheres no mercado de trabalho, os resultados indicaram que a cada 1% de aumento nessa participação, o consumo decresceria em 0,62%. Para o caso do café solúvel, ocorreria um aumento de 7,1%, para o mesmo percentual de crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho, refletindo uma maior busca por conveniência por parte da população feminina. A melhoria da qualidade do produto, captada pela implantação do selo de pureza, mostrou também, contribuição significativa ao aumento do consumo do café torrado e moído, e pequena redução na demanda do café solúvel. A implantação do plano real, com a melhoria na renda, afetou também de maneira positiva a demanda pelos dois tipos de cafés. Projeções realizadas com a equação estimada para a demanda de café torrado e moído para o ano de 2010, indicam, um crescimento significativo no consumo interno., Utilizando-se de suposições pessimistas e otimistas para o comportamento das variáveis de mercado, o consumo per capta de café variaria entre 5,16 a 5,95 kg/hab/ano, naquela data. O consumo total médio estaria em torno de 17 milhões de sacas de 60kg/ano. |
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