Resumo:
Este trabalho tem como objetivo identificar como os segmentos da cadeia do café do Estado do Espírito Santo têm desenvolvido os sistemas de comercialização e logística dos cafés especiais arábica produzidos, identificando os pontos de estrangulamento, as potencialidades e as possibilidades de melhoria dos sistemas, como alternativa de aumentar a competitividade do Estado nos mercados internacional e doméstico. Utilizou-se como método de pesquisa o estudo de caso e a pesquisa documental. A seleção dos segmentos baseou-se no diagrama do sistema agroindustrial do café do Brasil proposto por Farina e Zylberzstajn (1998), onde foram selecionados quatorze atores que atuam na cadeia produtiva de café no Estado do Espírito Santo, sendo: 04 representantes das empresas fornecedoras (01 da indústria de insumos; 01 da indústria de máquinas e equipamentos, 01 fornecedor de mudas e 01 fornecedor de mudas e sementes); 05 produtores ganhadores de concursos seletivos de qualidade do café no Estado ou que possuíam algum tipo de certificação de produção de café especial; 02
representantes do segmento de intermediários que atuam na assistência, comercialização e logística de café especial no estado (01 cooperativa e 01 associação de produtores); 02 representantes do segmento exportador; e, 01 representante das empresas torrefadoras. Em cada interface os agentes foram submetidos a entrevistas utilizando-se de questionários semi-estruturados, elaborados de acordo com o segmento de cada ator. Os resultados obtidos identificaram como principais fatores limitantes o pouco volume de cafés especiais produzidos no Estado; as condições infra-estruturais de transporte, principalmente nas estradas vicinais do Estado; o pouco número de cooperativas e associações de produtores envolvidas no processo de melhoria de qualidade; e, o reduzido número de canais de comercialização de cafés especiais disponíveis. Entre os fatores percebidos como favoráveis destaca-se a localização geográfica do Estado, que é favorecida pelas curtas distâncias
existentes entre os pontos de produção e do de exportação, o que apresenta-se como diferencial logístico competitivo; a estrutura portuária que é reconhecida como uma das melhores do País; a tradição e experiência dos exportadores nos serviços de comercialização e logística de café, bem como o potencial de suas instalações que apresentam ótimas condições de estocagem, rebeneficiamento e distribuição. Identifica-se ainda a integração dos agentes que participam da cadeia; o marketing do café capixaba desenvolvido nos últimos anos, a realização dos concursos de qualidade do café no Brasil e no Estado; e, por fim, o grande potencial do mercado doméstico e internacional para o consumo de cafés especiais. À guisa de conclusões, pode-se apresentar que apesar da pouca significância do Estado do Espírito Santo na produção total de cafés especiais do Brasil, o Estado apresenta condições potenciais para a participação neste nicho de mercado. O tratamento das limitações e o
aproveitamento das potencialidades logísticas e de comercialização mostram que o incentivo e a participação integrada dos agentes na produção de cafés de qualidade melhorada tem corroborado para a introdução do Estado em mercados mais competitivos do Brasil e do mundo.