Resumo:
A broca do café (Hypothenemus hampei) é considerada a maior praga dos cafezais no Brasil e no mundo, provocando uma queda significativa na produção e alteração do sabor do café. Principalmente na Colômbia e no México, estão sendo recomendados vários isolados do fungo Beauveria bassiana para o controle da broca-do-café, sendo estes geralmente formulados para realizar pulverizações. O fungo entomopatogênico B. bassiana no Paraná, foi observado inicialmente atacando a broca do café no ano de 1983, na região do litoral sul do Estado, na Estação Experimental de Morretes-IAPAR, em café Robusta, e no norte do Estado, no município de Bela Vista do Paraíso, em café arábica, variedade Mundo Novo. O isolado B. bassiana - Morretes normalmente causa epizootias atacando a broca do café no campo experimental de Produção de Sementes de café do IAPAR-Morretes-PR. Este isolado foi utilizado para desenvolver uma técnica artesanal para a produção de
formulação granulada do fungo, com o objetivo de realizar liberações inoculativas para provocar epizootia do mesmo em campo, no controle da broca. Esta técnica vem sendo modificada e aprimorada, com o intuito de baixar custos e dar maior garantia de eficiência aos agricultores. O tipo de arroz, recipiente mais adequado para se colocar o arroz a ser esterilizado, quantidade de arroz / recipiente, tempo de molho, tempo de esterilização, tipo de panela para a esterilização, viabilidade do fungo (formulado granulado) quando armazenados em freezer, melhor local para fazer a distribuição do produto na forma granulada e quantidade do substrato/ha são parâmetros testados no presente trabalho. Em café adensado, um microclima de alta umidade (> 80%), e
temperaturas acima de 23°C sempre ocorrem no Paraná durante o verão, o qual favoreceria o estabelecimento de epizootias do fungo, por outro lado, o adensamento do cafezal permite ótimas condições para o desenvolvimento de altas populações do inseto praga; também este adensamento causa uma barreira física para realizar pulverizações com inseticidas químicos e biológicos. Villacorta, 1976 desenvolveu uma técnica para a cultura maciça do fungo Metharhizium anisopliae em formulação, utilizando o arroz quirera, garrafas de vidro (1 litro) e esterilização em autoclave. Esta técnica foi modificada para o fungo B. bassiana substituindo-se as garrafas de vidro por sacos de polipropileno (20cmX30cm), sendo que a esterilização foi mantida em
autoclave. Foram feitas propostas para eliminar o uso de autoclaves na esterilização do arroz para a produção do fungo B. bassiana e M. anisopliae, sendo a mesma substituída por panela de pressão e panela comum, por ser a autoclave muito dispendiosa. Conclui-se que o arroz quirera deixado de molho por 1 hora com ácido lático 85% (5mL/10L de água) para eliminar agentes contaminantes, posteriormente escorrido, colocando-se 250 gramas em sacos de polipropileno selados com o auxílio de uma máquina seladora, colocado dentro de uma panela comum com água, e fervido por 1 hora e meia foi a técnica artesanal considerada mais simples, de baixo custo, no qual o produtor poderá utilizá-la ou instituições como IAPAR poderão produzir o cultivo puro do isolado e colocar à disposição de cafeicultores para realizar infestações com o fungo.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.