Resumo:
Com área plantada de 25.000 ha e previsão de aumento para 60.000 ha até 2.004, a espécie Coffea canephora é mais plantada no Estado do Pará, com consumo anual em torno de 250 mil sacas de café beneficiado. A produção esta concentrada em 15 microrregiões que abrangem 50 municípios, onde o principal produtor é Medicilândia, com 60% da produção estadual, onde são obtidos rendimentos médios de 2,6 toneladas de café coco por hectare. Contudo, a indefinição de cultivares adaptadas às condições amazônicas, faz com que as lavouras cafeeiras fossem implantadas utilizando material genético proveniente de outros Estados, como é o caso do Espírito Santo (INCAPER), Rondônia (EMBRAPA) e IAC, ou pela utilização de sementes coletadas entre plantas dentro da própria lavoura. O objetivo do trabalho foi caracterizar fenotipicamente e avaliar o
desempenho vegetativo de 36 progênies de cafeeiros da espécie Coffea canephora nas condições do trópico úmido paraense, a fim de selecionar aquelas superiores para caracteres de interesse agronômico e econômico e que se adaptem à região. O estudo foi desenvolvido no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental situado no município de Belterra, região oeste paraense, em condições de solo tipo Latossolo Amarelo distrófico, textura argilosa, predominantes na região. O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos ao acaso com 36 tratamentos, representados pelas progênies de cafeeiros, em duas repetições As unidades experimentais foram constituídas de 10 plantas sendo as seis centrais consideradas úteis e competitivas, espaçadas em 3m x 2m. As progênies avaliadas foram formadas por sementes de polinização aberta, coletadas em matrizes previamente selecionadas nos estados do Espírito Santo e Rondônia. Assim sendo avaliaram-se 21 progenies
de clones do café Conilon selecionados pelo INCAPER (clones 02, 03, 07, 19, 26, 31, 45, 46, 49, 99, 100, 106, 109, 110, 116, 129, 132, 139, 143, 153, 154), quatro variedades de Conilon (EMCAPER 8151, EMCAPA 8121, EMCAPA 8131, EMCAPA 8141), duas progênies da variedade Kouilou (Kouilou IAC 66-1, Kouilou IAC 70-14) e nove progênies da variedade Robusta (Robusta IAC 640 e Robusta IAC 1641. Robusta IAC Col. 05, Robusta IAC Col. 10, Robusta IAC 1647, Robusta T 3751, Robusta T 3755, Robusta IAC 2257, Robusta IAC 2286). As progênies foram avaliadas quando as plantas apresentavam 29 meses de idade, sendo coletados dados referentes a: altura da planta, diâmetro do caule principal a 5 cm do solo, diâmetro da copa, número de hastes, comprimento e largura da folha e área foliar. Os resultados obtidos para os caracteres relacionados
com o vigor da planta demonstraram que, em altura, melhor comportamento foi evidenciado pelas progênies Conilon clone 100 e Conilon clone 129 (71,00cm; 68,33cm; +/- 7,29cm). Para diâmetro do caule principal a 50 cm do solo, as pro0gênies Conilon clone 154 e Conilon clone 02 (18,41mm; 18,06mm; +/- 1,12mm), superaram as demais. Em diâmetro de copa, o Conilon clone 154 e Conilon clone 99 (51,42cm; 50,33cm; +/- 3,76) mostraram-se com maiores valores para o caráter. Para número de hastes, melhores resultados foram obtidos para as progênies Robusta IAC col 10, Kouilou IAC 66-1 e EMCAPA 8131, com média de 8 hastes/planta, superando as demais. No que diz respeito as variáveis relacionadas com a arquitetura foliar da plantas, verificou-se que os tratamentos Robusta 3751 e Conilon clone 45 (16,82cm; 16,05cm; +/ 1,26), apresentaram suas folhas mais alongadas, o Robusta IAC 2286 seguido de EMCAPA 8131 (7,42cm; 7,05cm +/- 0,67) folhas mais largas e EMCAPA 8131 seguido de Robusta IAC 2286 (114,70cm2; 111,30cm 2 +/- 14,81), maior área foliar, o que certamente poderá contribuir no futuro, para que sejam obtidas elevadas produções de frutos nestas progênies. No que diz respeito à floração e a frutificação, foi observado que as progênies de Conilon oriundas dos materiais genéticos do Espírito Santo, apresentaram-se como materiais precoces para os caracteres, o mesmo não ocorrendo com aquelas oriundas de seleções efetuadas no Estado de Rondônia e no IAC (Estado de São Paulo) principalmente da variedade Robusta. Ao analisar-se esses resultados, percebe-se que, aos 29 meses após o plantio, já podem ser observadas diferenças morfológicas acentuadas entre as progênies, indicando que será
possível efetuar seleção, para os caracteres de interesse agronômico e econômico, entre e dentro dessas progênies de C. canephora.