Resumo:
A seca dos ponteiros do cafeeiro pode ter como agentes etiológicos fungos do gênero Phoma. Até o momento, o efeito da temperatura no crescimento de diferentes espécies de Phoma foi pouco estudado. Na Colômbia, esse agente etiológico está associado a sérios danos às lavouras cafeeiras. Estas lavouras estão normalmente localizadas em altitudes de 1400 a 2000 m de altitude com temperatura entre 17 e 20°C, alta umidade relativa no período chuvoso e pouca densidade luminosa. A combinação dessas variáveis resulta em alta incidência da doença (Gomez et al., 1977, Fitopatologia Colombiana 6: 73). As variáveis climáticas influenciam o crescimento dos patógenos e a intensidade das doenças de maneira a constituir o principal fator do ambiente no progresso de epidemias (Campbell & Madden 1990, Introduction to Plant Disease Epidemiology). As espécies Phoma tarda, Phoma exigua var. noackiana e Phoma costarricensis foram identificadas como agentes etiológicos
da seca de ponteiros de cafeeiros em áreas produtoras dos estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo (Salgado & Pfenning, 2000, I. Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, Anais, 183). O objetivo do trabalho foi avaliar, in vitro, o efeito da temperatura e do tempo de incubação no crescimento micelial, produção e germinação de conídios. Os isolados testados foram obtidos de lesões em folhas e hastes do cafeeiro coletadas no Sul de Minas Gerais, Phoma tarda (MS-13), Phoma costarricensis (MS-10) e Phoma exigua var. noackiana (MS-41). Os isolados foram transferidos para placas de Petri contendo meios de cultura V8 e incubadas em BOD nas temperaturas de 15, 20, 25, e 30°C, com fotoperíodo de 12 horas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 4 repetições. Ajustaram-se as equações de regressão para as superfícies de resposta, de modo que as variáveis independentes foram temperatura e dias de crescimento. Os pontos de máximo crescimento e produção de conídios foram obtidos pela derivada das equações em relação à temperatura e dias de crescimento. Foram avaliados o diâmetro das colônias diariamente e a produção e germinação de conídios aos 9, 12, 15, 18, 21 e 24 dias. A germinação também foi medida às 12, 24 e 48 horas após permanência dos conídios em água. Para o crescimento das colônias, as temperaturas ótimas e o número de dias de incubação para o fungo atingir toda a borda da placa foram de 22,3°C e 10 dias para Phoma tarda, 22,3° C e 9 dias para Phoma exigua var. noackiana e 23,3° C e 7 dias para Phoma costarricensis. Em relação
à produção de conídios, as temperaturas ótimas e o número de dias necessários para haver maior produção de conídios após incubação foram 15°C e entre 20 a 24 dias para a Phoma tarda, 25°C e entre 16 e 17 dias para a Phoma exigua e 22°C e 22 dias para a Phoma costarricensis. Para Phoma tarda a maior taxa de germinação (80%) foi obtida próxima a 10 dias de incubação em todas as temperaturas avaliadas após 36 horas em água. Para a taxa de germinação máxima dos conídios de Phoma costarricensis, aproximadamente 50%, a melhor temperatura foi a de 15°C, próximo aos 15 dias de incubação, tanto às 12 quanto às 36 horas após colocar os esporos na água. Para a Phoma exigua a temperatura ótima de germinação foi de 15° C após os 20 dias de incubação das plantas com valores máximos de aproximadamente 50, 75 e 90% de germinação às 12, 24 e
36 horas em água, respectivamente. Observou-se grande variabilidade no comportamento das espécies quanto ao crescimento micelial e à produção e germinação de conídios em função da temperatura e o tempo de permanência em meio de cultura.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.