Resumo:
A cafeína é um alcalóide encontrado nas sementes de café, pertencente ao grupo das metilxantinas. Segundo a farmacopéia brasileira, a cafeína está incluída entre os excitantes psicomotores que têm, principalmente, a propriedade de estimular a atividade mental. No homem normal, em doses terapêuticas (100-200 mg) produz leve excitação psiquica, favorecendo o trabalho intelectual e afastando a sonolência e a sensação de fadiga. No entanto, a ingestão de grandes quantidades, pode provocar problemas à saúde. A desinformação e contradições existentes a respeito do assunto, provocam nos consumidores o desejo de buscar alternativas por bebidas isentas de cafeína ou com teores reduzidos, embora outros compostos presentes no grão de café também possam ser responsáveis por parte desses efeitos. O teor de cafeína varia muito entre as espécies de
café cultivadas no mundo; assim a espécie C. canephora apresenta maior quantidade na semente em relação à espécie C. arabica que é a mais cultivada no Brasil. Dentro da mesma espécie pode ocorrer diferenças no teor de cafeína das sementes. Os trabalhos de melhoramento na busca por cafés com menor teor de cafeína têm demorado algum tempo em virtude da necessidade de se obter, do cafeeiro, sementes para análise. A eliminação desta etapa pode contribuir para acelerar a obtenção dos resultados. Sendo o principal produto agrícola em termos de comercialização mundial e a base da economia de vários países, o café ainda pode ganhar alguns mercados onde o consumo é baixo, particularmente no continente asiático; para isso é necessário continuar desenvolvendo pesquisas que visem, principalmente, dar resposta ao consumidor sobre as verdades e mitos da bebida café. O trabalho foi conduzido no Centro Experimental do IAPAR em Londrina - PR. sendo
realizadas amostragens de folhas e sementes em plantas de Coffea arabica cvs. Mundo Novo, Catuaí, Iapar - 59, Icatu e Sarchimor e Coffea canephora cv. Robusta, com o objetivo de economizar tempo na seleção de plantas com diferentes teores de cafeína na semente, mediante o conhecimento prévio das concentrações do alcalóide nas folhas, sem necessidade de se esperar pela produção de frutos. A amostragem das folhas no campo, foi feita conforme a idade: 1 o , 3 o e 6 o pares; nos estádios de chumbinho dos frutos, enchimento dos grãos, granação e maturação. Os frutos foram coletados no estádio de cereja. Parte dos frutos foram semeados para obtenção de mudas das quais retiraram-se o 1 o e 3 o pares de folhas. Os materiais coletados foram secos, moídos e submetidos à determinação de cafeína, sendo a extração feita pelo método da água
quente e a determinação por espectrofotometria a 273 nm. Os resultados mostraram para as duas espécies utilizadas, que a cafeína nas folhas do primeiro e terceiro pares de mudas aumentou linearmente com o teor de cafeína nas sementes, podendo indicar com eficiência os teores nas sementes das plantas adultas. Em condições de planta em produção no campo, o primeiro par de folhas mostrou sempre valores superiores de cafeína em relação às folhas mais velhas, particularmente no caso da espécie C. canephora. No período de maturação dos frutos foi encontrado o menor teor de cafeína nas folhas, provavelmente devido a intensa redistribuição. O primeiro par de folhas amostrado no estádio "chumbinho" dos frutos mostrou ser o melhor material e a época mais indicada, devido a alta correlação com o teor de cafeína das sementes. O teor do alcalóide é menor na
casca comparativamente às sementes; este fato pode indicar também mobilidade da cafeína da casca para a semente.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.