Resumo:
A enxertia é um processo que vem sendo utilizado com êxito há muito tempo em diversos países, visando principalmente substituir o sistema radicular de cultivares de cafeeiros altamente produtivas, porém suscetíveis ao ataque de diversos fungos e nematóides da raiz. O uso de porta-enxertos com sistema radicular mais desenvolvido, capaz de explorar maior volume de solo e absorver maior quantidade de água, poderia ainda ser vantajoso por proporcionar, durante os períodos secos, maior abertura estomática e consequentemente maiores taxas fotossintéticas. Atualmente o café enxertado, testado e aprovado vem obtendo bons resultados, não só na resistência ao nematóide. A técnica de enxertia em cafeeiros, embora seja conhecida, é um processo muito meticuloso, que exige pessoal treinado, infraestrutura adequada, respaldo técnico, bases físicas, recursos materiais, humanos e financeiros (Cambraia, 1999). Os objetivos do presente trabalho são verificar a combinação de cinco cultivares de Coffea arabica L com 3 sistemas de produção de mudas: mudas enxertadas sobre Coffea canephora (cultivar Apoatã IAC-2258), mudas autoenxertadas e mudas "pé-franco". Os experimentos foram conduzidos no viveiro de produção de mudas de cafeeiro do Setor de Cafeicultura da Universidade Federal de Lavras - UFLA, no período de agosto de 2001 a julho de 2002. Foram utilizadas sementes de cafeeiro Coffea arabica L., usadas como enxerto e de Coffea canephora como porta-enxerto. As de cultivares de C. arabica foram Acaiá MG-1474, Rubi MG-1192, Tupi IAC-1669-33, Catuaí Amarelo IAC-62-148 e Obatã IAC-1669-20 e a cultivar de C. canephora utilizada como porta-enxerto foi a Apoatã (IAC 2258). A semeadura foi realizada no mês de agosto de 2001 em sementeiras de alvenaria, usando-se areia lavada como substrato. Foram feitas regas diárias até a emergência das plântulas. Quando as plântulas chegaram no estádio de palito de fósforo, essas foram selecionadas para a realização da enxertia. Logo após a enxertia foi feita a repicagem para tubetes de forma cônica, contendo estrias longitudinais, perfurados na base inferior e capacidade volumétrica de 120 mL. Para o enchimento dos recipientes foi utilizado o substrato comercial constituído de vermiculita e casca de pinus moída, compostada e enriquecida com nutrientes. Este substrato foi complementado utilizando o fertilizante de liberação lenta, denominado "osmocote", na formulação 15-10-10 + micronutrientes.
O fertilizante foi aplicado na quantidade de 0,98 grama/tubete. A mistura substrato e fertilizante foi feita em saco plástico de 60 litros, agitando-se o plástico até obter uma mistura uniforme. Para enchimento dos recipientes, a mistura foi umedecida com 6 litros de água / 55 litros de substrato + fertilizante. Logo após, foi feito o transplantio das mudas enxertadas. Foi utilizado o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições e 16 tubetes por parcela. Os tratamentos foram constituídos da combinação das cultivares-copa com 3 sistemas de produção de mudas: enxertia em Apoatã, auto-enxertia e "pé franco". Quando as mudas estavam com aproximadamente 6 pares de folhas, no ponto de serem levadas para campo,
foram avaliados o número de pares de folhas verdadeiras, o diâmetro do caule, a altura da planta, a área foliar e os pesos de matéria seca da parte aérea e da raiz, além da relação parte aérea/raiz. Os resultados mostraram que as cultivares Acaiá MG-1474, Rubi MG-1192, Tupi IAC-1669-33, Catuaí Amarelo IAC-62-148 e Obatã IAC-1669-20 apresentam maior altura quando enxertadas em Apoatã e maior área foliar e peso de matéria seca da raiz também quando enxertadas ou autoenxertadas. Já para área foliar e matéria seca da raiz os melhores resultados foram apresentados com o efeito de enxertia e de autoenxertia. Para as demais características (diâmetro do caule, número de pares de folhas verdadeiras, peso de matéria seca da parte aérea e relação raiz/parte aérea), os resultados foram semelhantes nos 3 sistemas estudados.