Os programas de erradicação de pragas têm dado maior ênfase ao controle biológico como alternativa para minimizar o uso de agentes químicos e se reduzir a destruição de inimigos naturais no agroecossistema cafeeiro, a resistência em insetos-praga e a contaminação ambiental por resíduos químicos. Este trabalho foi dividido em duas etapas, com a primeira abordando a penetração da broca (Hypothenemus hampei) (Coleoptera: Scolytidae) em frutos de café em diferentes fases de crescimento e a segunda etapa a seletividade de defensivos agrícolas ao fungo entomopatogênico Beauveria bassiana. A primeira etapa foi conduzida em cafezal de três anos de idade, com duas variedades de café Coffea arabica (catuaí vermelho e mundo novo) e uma de Coffea canephora (conilon), na área experimental do aeroporto da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em Viçosa, Minas Gerais. Determinou-se os tempos fisiológicos (graus-dia) em que os frutos da florada principal de cada uma das três variedades de café atingiram estágio fenológico adequado para a penetração da broca-do-café Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolytidae). Além disso, determinou-se, também o intervalo durante o trânsito dessa praga, quando suas fêmeas adultas saem à procura de novos frutos e têm capacidade de penetrá-los para se reproduzir, e, consequentemente, aumentar sua população. Foram feitas considerações para a utilização dos tempos fisiológicos (graus-dia) para a tomada de decisão em programas de manejo integrado da broca do café. O inseto penetrou no mesocarpo de 50% dos frutos brocados com percentuais de umidade de 78,5; 77,4 e 75,6% e peso da matéria seca acumulada de 18,1; 28,5 e 4,8 mg. Isto equivaleu ao tempo fisiológico em graus-dia acumulados de 1825, 1943 e 1176 graus-dia para o catuaí vermelho, mundo novo e conilon, respectivamente e constitui o período de maior trânsito da broca nas variedades testadas, sendo, portanto, o momento ideal para realização de amostragem e eventuais intervenções com inseticidas. A broca tem capacidade de penetrar grãos mais jovens da variedade conilon, provavelmente devido aos menores percentuais de umidade de seus frutos durante os primeiros estágios de desenvolvimento e pode determinar maior número de gerações da broca e, consequentemente maiores percentuais de infestação nesta variedade. A utilização de faixas com vegetação nativa entre variedades de café pode ser importante para o manejo da broca H. hampei, pois variedades com floradas tardias ficam expostas a maiores populações dessa broca, que se reproduzem em frutos de variedades precoces. Além disto, essas faixas podem aumentar as populações de inimigos naturais e impedir a movimentação da praga entre talhões de café. Na segunda etapa, avaliou-se a toxicidade relativa dos inseticidas organofosforados clorpirifós-metílico, dissulfotom, etiom, paratiom-metílico; do organoclorado endosulfam; da mistura do fungicida + inseticida triadimenol + dissulfotom e dos fungicidas inibidores da demetilação de esteróis: triadimenol e tebuconazole, ao fungo Beauveria bassiana (Balsamo) Vuillemin, patógeno da broca do café, foi estudada em laboratório. As concentrações dos pesticidas que inibiram 99% do crescimento micelial desse fungo, em miligramas de ingrediente ativo por mL, foram: tebuconazole= 0,42; paratiom-metílico= 1,69; triadimenol= 6,53; triadimenol + dissulfotom= 14,42; clorpirifós-metílico= 31,75; etiom= 7.028,96; endosulfam= 10.326,76 e dissulfotom= 763.959,86. As equações de regressão da inibição do crescimento micelial (%), em função da concentração obtidas por ensaios in vitro, em meio batata-dextrose-ágar (BDA), impregnado com os ingredientes ativos destes compostos, foram usadas para se estimar a seletividade das concentrações de pesticidas prescritas para cafezais, pelos seus respectivos fabricantes. Tebuconazole, paratiom-metílico e clorpirifós-metílico foram altamente tóxicos ao fungo B. bassiana; endosulfam e triadimenol + dissulfotom apresentaram seletividade moderada e o triadimenol, etiom e dissulfotom foram seletivos para B. bassiana.
This research was developed in a three years old coffee plantation formed by two varieties of Coffee arabica "(catuaí vermelho and novo mundo)" and one of Coffea canephora "(conilon)" in an experimental area of the Universidade Federal de Viçosa (UFV), in the Municipality of Viçosa, State of Minas Gerais, Brasil. The period (degree-days) when fruits of the main bloom of each one of these three coffee varieties reached appropriate phenological stage for penetration of the borer Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolytidae) was calculated. The period of movement of this pest when its adult females come out to search for new fruits to be colonized and consequently this borer can increase its population were also evaluated. Considerations were made aiming to use the physiological time (degree-day) for decision making in integrated management programs of the coffee borer. This insect penetrates into the mesocarpo of about 50% of coffee fruits sampled with humidity of 78.5; 77.4 and 75.6% and accumulated dry weight of 18.1; 28.5 and 4.8 equivalent mg with an accumulated degree-day at the physiological time of 1,825, 1,943 and 1,176 degree-day for the catuaí vermelho, novo mundo and conilon coffee varieties, respectively. This represents the period of movement of this borer and the ideal moment of sampling and eventual control of this pest with insecticides. H. hampei penetrates into younger coffee fruits of the conilon variety probably due to their lower humidity during initial development stages. For this reason this borer can have a higher number of cycles in this coffee variety and, consequently a higher percentage of infestation. Management H. hampei populations in coffee plantations should include different varieties per plantation and the use of strips of native vegetation between them. This is necessary because later bloom coffee varieties are exposed to higher populations of this pest which reproduce in precocious ones. Besides, strips of native vegetation can increase populations of natural enemies and to difficult movement of this pest between areas planted with coffee. Studies about relative toxicity of the organofosforate insecticides methyl clorpiriphos, dissulfoton, ethion, methyl parathion and the organoclorinated endosulfan, besides a mixture of the fungicide + insecticide (triadimenol + dissulfoton) and a fungicide which inhibits sterol demetilation: triadimenol and tebuconazole to the fungi Beauveria bassiana (Balsamo) Vuillemin pathogen of the coffee borer was evaluated in laboratory. Concentrations of pesticides with inhibition of 99% of micelial growth of this fungi in milligrams of active ingredient per mL were: tebuconazole= 0.42; methyl parathion= 1.69; triadimenol= 6.53; triadimenol + dissulfotom= 14.42; methyl clorpiriphos= 31.75; ethion= 7,028.96; endosulfam= 10,326.76 and dissulfotom= 763,959.86. Regression equations of micelial growth (%) as function of concentration obtained in vitro in half potato-destroxe-agar (BDA) impregnated with active ingredients of these compounds were used to estimate the selectivity of their concentrations prescribed for coffee plantations. Tebuconazole, methyl parathion and methyl clorpiriphos were highly toxic to B. bassiana; endosulfan and triadimenol + dissulfoton presented moderate selectivity and triadimenol, ethion and dissulfotom were selective to this fungi.