Resumo:
Não há unanimidade de opiniões em torno às possíveis repercussões da recente criação do mercado comum europeu, abrangendo as colonias africanas, sobre a economia da América Latina. Ao passo que alguns observadores consideraram que a medida poderá vir a se refletir de forma desastrosa nas nossas exportações, devido à prioridade assegurada às vendas concorrentes da África, outros entendem que o mercado comum não encerra tal perigo, podendo mesmo determinar maior movimento de trocas entre a Europa e o resto do mundo, favorecendo, dessa forma as exportações da America Latina. Seja como for não se fez necessária a criação do mercado comum para chamar a nossa atenção sobre o perigo que a produção africana representa para os países da América Latina. Se tivermos presente que a participação da África na produção exportável de café, subiu de 7% no período 1935-36 – 1939-40 para 22% no ano agrícola de 1956-57, veremos que o crescimento da produção de café do Continente Negro vem se desenvolvendo num ritmo capaz de despertar as nossas preocupações. Tanto mais que nesse período a posição do Brasil alterou-se de maneira sensível, passando o nosso país de fornecedor de 62% para vendedor apenas 35% do total.