O Brasil ocupa, hoje, a segunda posição entre os maiores consumidores mundiais de café e a primeira dentre os maiores produtores, destacando-se, ainda, o fato de ser o único país produtor que consome parcela significativa de sua produção. No início da década de 90, com a extinção do IBC, o mercado interno, juntamente com toda cadeia produtiva do café, passou por grandes transformações em sua estrutura que afetaram os níveis de consumo per capita e total de café. Com a implantação do selo de pureza em 1989, houve mudança da imagem negativa que os cafés consumidos internamente tinham perante os consumidores. Merecem também destaques, com relação ao consumo interno, a implantação do plano real, em 1994, e a participação das mulheres no mercado de trabalho. Ao eliminar a inflação e elevar a renda real dos consumidores, o plano real teve efeito significativo no consumo desse produto. O aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, com conseqüente redução do tempo para o preparo de café na sua forma tradicional (no coador), forçou a substituição por formas de maior conveniência no preparo, dentre as quais, a utilização do café solúvel. Outros fatores que interferiram na ampliação do consumo de café no Brasil foram maior diversificação nos tipos e bebidas à base de café (ex. café expresso) e mudanças nos hábitos da população brasileira (refeições fora de casa). Para captar esses efeitos no consumo interno, foram estimadas funções de regressão múltipla incluindo tais variáveis, com o objetivo de explicar a evolução do consumo dos cafés torrado e moído e solúvel, em face dessa nova realidade. Tais funções serviriam também para prever como se comportará o consumo no futuro. O modelo teórico utilizado baseia-se na teoria neoclássica da demanda, usada para explicar o comportamento do consumidor. As variáveis utilizadas mostraram-se estacionárias, sendo, portanto, utilizadas nos modelos de regressão. Empregaram-se variáveis dummies para os efeitos do plano real e da implantação do selo de pureza. Os resultados obtidos indicaram que a demanda de café torrado e moído é inelástica (-0,069) e, portanto, pouco sensível às variações de preço. A elasticidade-preço para o café solúvel foi igual a -0,604. Quanto à participação das mulheres no mercado de trabalho, os resultados indicaram que cada 1% de aumento nessa participação resultou em 0,62% de decréscimo no consumo. No caso do café solúvel, houve aumento de 7,1%, para o mesmo percentual de crescimento da participação das mulheres, no mercado de trabalho, o que reflete maior busca por conveniência por parte da população feminina. A melhoria da qualidade do produto, captada pela implantação do selo de pureza, teve também contribuição significativa para o aumento do consumo do café torrado e moído e pequena redução na demanda do café solúvel. A implantação do plano real, com a melhoria na renda, afetou também, de maneira positiva, a demanda dos dois tipos de cafés. Projeções feitas por meio da equação estimada para a demanda de café torrado e moído, para o ano de 2010, indicam crescimento significativo no consumo interno. Ao utilizar suposições pessimistas e otimistas para o comportamento das variáveis de mercado, constata-se que o consumo per capita de café variaria de 5,16 a 5,95 kg/hab/ano, naquela data, e o consumo total médio estaria em torno de 17 milhões de sacas de 60 kg/ano.
Brazil ranks second among the largest coffee consumers today and is the largest coffee producer, besides being the only producer consuming a significant part of its own production. In the early 1990s, following the extinction of IBC, the internal market together with the entire coffee productive chain underwent great structural changes affecting the per capita and total coffee consumption levels. The negative image that consumers had of internally-consumed coffee changed after the implementation of the purity seal in 1989.The implementation of the Real Plan in 1994 and the growing participation of women in the labor force also had significant influence on domestic consumption. By eliminating inflation and increasing consumers’ real income, the Real Plan had a significant effect on coffee consumption. The growing participation of women in the labor force and consequent reduced time to prepare coffee in the traditional way led to more convenient and less time consuming coffee preparations, such as soluble coffee. Other factors that interfered in the expansion of coffee consumption in Brazil were greater diversification of coffee types and drinks (e.g. espresso coffee), and changes in the habits of the Brazilian population (e.g. eating out). In order to assess these effects on domestic consumption, multiple regression functions including such variables were estimated to explain the evolution of toasted, ground and soluble coffee in this new scenario. Such functions may also help predict consumption behavior in the future. The theoretical model applied is based on the neo classic theory of demand used to explain consumer behavior. The variables applied were found to be stationary being thus used in the
regression model. Dummy variables were used for the Real Plan and purity seal effects. The results obtained showed that the demand for toasted and ground coffee is inelastic (-0.069) and thus slightly sensitive to price variations. Price elasticity for soluble coffee was -0.604. Regarding women’s participation in the labor force, the results showed that each 1% participation increase resulted in 0.62% consumption decrease. Soluble coffee consumption increased 7.1% for the same increase percentage in women’s participation in the labor force, reflecting a greater demand for convenience by women. Improved product quality as a result of purity seal implementation also significantly contributed to the increase of toasted and ground coffee consumption and to a slight decrease in soluble coffee demand .The implementation of the Real Plan followed by increased income also had a positive effect on the demand for both types of coffee. Projections based on the equations estimated for toasted and ground coffee demand by 2010 indicate a significant growth in domestic consumption. Using positive and negative assumptions to explain the behavior of market variables shows that per capita coffee consumption may vary from 5.16 to 5.95 kg/inhabitant/year in 2010 with the average annual consumption being around 17 million bags of 60 kg/year.