Resumo:
Os investimentos públicos em pesquisa e assistência técnica possuem alta correlação com o desenvolvimento agrícola e são altas suas taxas de retorno (PASTORE e ALVES, 1985). A quantificação em termos de eficiência e equidade dos benefícios oriundos desse processo é de suma importância, na medida em que fornece a base para tornar mais eficiente a alocação dos recursos e possibilita uma melhor compreensão do processo tecnológico como fator econômico e endógeno ao funcionamento da economia e da sociedade. O presente trabalho objetivou avaliar os investimentos em pesquisa e assistência técnica para o café no Estado de Minas Gerais, aplicados nas décadas de setenta e oitenta. Para tanto, focalizou-se o esforço realizado pela EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, UFV - Universidade Federal de Vicosa, ESAL - Escola Superior de Agricultura de Lavras e regionais do IBC - Instituto Brasileiro do Café e EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural. Utilizou-se o procedimento tradicional de cálculo dos excedentes e da taxa interna de retorno. Para calcular
o excedente econômico consideraram-se duas pressuposições sobre o início do fluxo de benefícios (os anos de 1973 e 1975) e adotou-se o coeficiente de ajustamento da oferta para estimar o deslocamento da produção. Os investimentos realizados no Estado apresentaram tendência crescente, mas com nítida descontinuidade ao longo dos anos. Os gastos com pesquisa tiveram comportamento declinante, enquanto os gastos com assistência técnica foram crescentes. Para a pressuposição 1975, o benefício líquido total gerado para a sociedade foi da ordem d e Cr$1,74 trilhão em valores de dezembro d e 1991 que, ao ano, significou uma média de Cr$82,91 bilhões. Ante um investimento de Cr$156,9 bilhões, observou-se que o custo desta política é baixo dado o elevado benefício que proporciona. O ganho auferido pelo Estado, via acréscimo no ICMS, foi em média de Cr$6,4 bilhões ao ano, sendo que este aumento representou 80,54% dos investimentos realizados no período. As taxas internas de retorno encontradas foram da ordem de 82,06 e 137,97% (respectivamente para início dos benefícios nos anos de 1975 e 1973). A distribuição dos benefícios auferidos pela sociedade foi mais favorável aos consumidores. Contribuíram para isso as características do mercado de café (baixas elasticidades de demanda e oferta) e a hipótese do trabalho de deslocamento pivotal. Conclui-se que a orientação dos recursos públicos para o desenvolvimento de pesquisas e extensão rural beneficia de forma significativa a sociedade e o Estado, constituindo-se em uma boa opção de investimento.