Observações acerca do funcionamento de um pivô central convencional em campo ao irrigar uma lavoura cafeeira em idade adulta, possibilitaram identificar um acúmulo de água nos limites da região sombreada pelo dossel das plantas em detrimento da região central das entrelinhas. Esse fato seria justificado devido à interceptação de parte da lâmina de irrigação pelos cafeeiros o que foi denominado pelos autores de “efeito sombra”. Este trabalho teve como objetivo descrever, esquematizar e comprovar, experimentalmente, o “efeito sombra” além de constatar a possibilidade de economia de recursos hídricos e de energia elétrica em função deste fenômeno. O experimento foi realizado em área de 115,33 ha plantada com cafeeiro arábica (Coffea arabica), espaçamento de 4 m x 0,7 m, em toda a lavoura, sendo a metade da mesma ocupada pela cultivar Catuaí e a outra metade ocupada pela cultivar Mundo Novo. O pivô central operante na área possuí 11 torres mais o vão em balanço cujo comprimento de toda a linha lateral soma 608,58 m. A descrição e a esquematização do “efeito sombra” foram realizadas com base em observações em campo e no entendimento do funcionamento do pivô central por meio de manuais técnicos. Para comprovação do “efeito sombra” utilizou-se estruturas de madeira revestidas por um filme plástico de 150 micras as quais foram posicionadas em locais estratégicos entre os vãos das 10 últimas torres do pivô central de modo a quantificar a água precipitada tanto sob a região sombreada pelo dossel das plantas quanto nas entrelinhas. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e análise de variância. Constatou-se que as lâminas médias coletadas sob o dossel foram maiores e estatisticamente diferentes das lâminas coletadas nas entrelinhas para ambas cultivares sendo que a interceptação da lâmina de irrigação pelo cafeeiro causou, em média, a concentração de 30,4% desta lâmina nos limites do dossel das plantas e que não houve diferença estatística ao se comparar o maior ou o menor “efeito sombra” entre as cultivares cuja diferença na altura das mesmas era de, aproximadamente, 80 cm. Por fim, constatou-se a possibilidade de economia de recursos hídricos e de energia ao propor ajuste do temporizador do equipamento caso o produtor rural repensasse o manejo da irrigação em função do “efeito sombra”.
A center pivot irrigation system was observed to determine water accumulation under the canopy of mature coffee shrub at the expense of water falling on the central region between rows. This fact is justified given the irrigation depth intercepted by what is called the “shade effect.” The current study describes, schematizes and experimentally proves this “shade effect” and considers potential savings in water and electricity that are a consequence of this phenomenon. The experiment was carried out on a 115.33 ha plantation of Coffea arabica spaced 4m x 0.7m. Half of this area was planted with the cultivar Catuai and the other half with Mundo Novo. The center pivot irrigation system had 11 towers spread out over a 608.58 m cantilevered span. The description and schematization of the "shade effect" were based on field observations and understanding the center pivot function via technical manuals. The "shade effect" was investigated using wooden structures covered by plastic sheets (150 microns thick). The structures were positioned between the spans of the last 10 towers to measure irrigation levels both under the shrub canopy and between rows. Data were analyzed by descriptive statistics and analysis of variance. It was found that irrigation depths under the plant canopies were greater and statistically different from irrigation depths between rows for both cultivars. Specifically, plant interception caused, on average, a 30.4% concentration of the irrigation depth at the outer canopy edge. There was no statistical difference between the “shade effect” caused by either cultivar despite a height difference of approximately 80 cm. Finally, farmers could achieve water and energy savings by adjusting irrigation timing to take advantage of the “shade effect.”