Segundo o Censo do ano 2.000, em torno de 31% dos municípios do Estado de São Paulo possuem populações entre 10.000 e 50.000 habitantes, tornando‐se assim a larga maioria dos municípios de pequeno e médio porte em relação aos 15,5% de municípios com mais de 50.000 habitantes; ao mesmo tempo, esta maioria é também a menos conhecida em termos de sua criação, evolução enquanto sistema urbano, tornando impraticável um planejamento que vise a sua proteção enquanto patrimônio urbano e arquitetônico e a sua expansão futura de modo ordenado. A região em estudo é constituída por uma rede de pequenas cidades, que surgem como decorrência de diferentes fatores: a) fixação dos ‘torna viagem’, provenientes em sua maioria de Minas Gerais; b) a expansão da lavoura cafeeira; c) a chegada da ferrovia; d) ações governamentais, tais como a implantação de núcleos coloniais; e) desmembramento de grandes fazendas. Apesar das origens diversas, essas cidades fazem parte de um grupo resultante de um ideário urbanístico análogo, e reagiram em maior ou menor grau a eventos como a substituição da cultura cafeeira e a desativação e erradicação da ferrovia em detrimento da opção nacional pelo transporte rodoviário, com o início do processo de redistribuição dos fluxos de transporte das antigas linhas de ferro para as rodovias, reconfigurando as relações de identidade e interdependência dessas localidades. Entre as cidades pertencentes à zona de estudos que conseguiram um maior desenvolvimento econômico, seus núcleos centrais vem passando por um processo de decadência e deterioração, graças às contradições em seus processos de desenvolvimento, resultando em distorções e na perda da qualidade de seus espaços e conseqüentemente na qualidade de vida. Nas cidades menores, as áreas centrais foram ‘preservadas pela pobreza’, sendo que na maioria delas, as instituições mais importantes ainda estão ali localizadas, o que não impede que seu patrimônio arquitetônico seja descaracterizado e substituído por falta de legislação específica para suas necessidades e características. Além da perda do patrimônio arquitetônico, também vem se perdendo os valores e costumes da região, resultando em atitudes equivocadas em relação à realidade física local. Entende‐se como necessário um resgate desses valores patrimoniais, principalmente uma maior divulgação da história local aos seus habitantes, a fim de contribuir para a sua ressignificação. Por acreditarmos que a produção espacial urbana do passado tem vínculos estreitos com o presente, configurando‐se como um referencial histórico, e a sua degradação e desvalorização implicam na perda da identidade cultural e da qualidade de vida de toda a região em estudo, o presente trabalho pretende contribuir para a preservação do patrimônio ambiental urbano das cidades de Dourado e Nova Europa, mas de forma flexível e que possa servir de referência para as demais cidades da região.
According to the 2000 Census, about 31% of the cities in the state of São Paulo have populations between 10,000 and 50,00 inhabitants, thus pointing that small and medium cities outnumber the 15.5% of cities with more than 50,000 inhabitants. Yet at the same time, this majority is the least understood in terms of its creation and development as an urban system, which render unfeasible any kind of planning that aims at protecting them as urban and architectural heritage and their future expansion in an organized manner. The area studied is comprised by a number of small towns which have appeared as result of a variety of factors: a) the settlement of the torna viagem, mostly coming from the state of Minas Gerais; b) the expansion of the coffee culture; c) the advent of railways; d) government actions, such as the implementation of colonial centers; e) the division of large farms. Despite their different origins, these towns belong to a group that results from an analog urban ideology, and reacted with more or less intensity to happenings such as the replacement of coffee culture and the extinction of railways due to a national option for highways. That was the beginning of a process of redistribution in transport flows from railways to highways, which redesigned the relations of identity and interdependence of such locations. Among the cities in the studied area that managed to achieve greater economic development, their cores have been experiencing a process of decadence and decay due to the contradictions found in their development history, thus resulting in distortions and a quality loss in physical space and life quality. In small towns, central areas were “protected from poverty” and most of them are still the home for the most important institutions, which nonetheless does not prevent the architectural heritage from being decharacterized and replaced, due to a lack of specific legislation to meet its needs and characteristics. This loss encompasses not only the architectural heritage but also local customs and values, whose outcome is reflected in erroneous attitudes toward the local physical reality. The revival of these heritage values is deemed as necessary, especially for the promotion of the local history to citizens in order to help them re‐understand it. Because we believe that the past urban space production is strictly bonded to the present as a historical reference and its degradation and impairment represent a loss of cultural identity and quality of life all over the area studied, this paper intends to contribute to the protection of the urban environment heritage of the cities of Dourado and Nova Europa, yet in a flexible manner which can also serve as further reference for other cities in the region