Analisa a relação entre poder e arquitetura numa fazenda de café, considerando o pressuposto de que a introdução do trabalho assalariado possibilitou transformações similares às de uma empresa capitalista, tendo como símbolo máximo do poder o proprietário, dono dos meios de produção. Localizada no município de Ibaté e com parte de suas terras em São Carlos, a fazenda São Roberto foi formada em 1865, pelo Major Joaquim Roberto Rodrigues Freire e vendida em 1874 a Sabino Soares de Camargo. Com a morte de Sabino em 1903, seu filho José Franco de Camargo assumiu a direção da propriedade até 1955, período que se configurou como o recorte temporal da pesquisa. Além de tratar da história da arquitetura nessa propriedade, busca avaliar o quanto o poder político, econômico e social do proprietário esteve relacionado a tal dinâmica histórica e ainda, investiga de que modo a organização espacial contribuiu para a manutenção desse poder. Utiliza, para atingir tais objetivos, levantamentos fotográfico e iconográfico, entrevistas, documentação primária, especialmente do acervo da família proprietária, e tem como referências fundamentais Michel Foucault e Pierre Bourdieu. Desta forma, foi possível, entender as formas de materialização do poder no espaço e na arquitetura da fazenda cafeeira, considerando o pressuposto de que a arquitetura seria um instrumento de poder, ideologicamente orientado através do rol simbólico e coercitivo, para controlar, dominar e influir ativamente nas relações sociais desenvolvidas nesta propriedade ru- ral do interior paulista.
The purpose of this dissertation is to connect power relations and architecture in a coffee plantation property. For this, we assumed that the establishment of free rural labor made possible transformations similar to capitalist based businesses, in this sense, the proprietor, the owner of the means of production, is understood as the highest power figure. Settled by Major Joaquim Roberto Rodrigues Freire in 1865 within Ibaté’s municipality, the grounds of São Roberto’s coffee farm advances into the boundaries of the city of São Carlos, both located in the Estate of São Paulo. The land was sold to Sabino Soares de Camargo in 1874 and following his death, José Franco de Camargo, his son, assumed the administrative control up to 1955, time span that actually became the focus of our research. Our goal is to investigate the history of the buildings concurrently to the dynamics of political, economical and social power and how spatial arrange contributes to power upholding. To achieve this objective we made use of photographic and iconographic sources allied to interviews and primary documentation research, particularly the family records. The conceptual support furnished by Michel Foucault and Pierre Bourdieu guided our understanding of the spatial materialization of power relations in the coffee plantation architectural forms. The architecture in this sense was used as a power mechanism ideologically oriented by symbolic and coercitive means of control used to rule and actively organize the social relations within this rural property.