A cafeicultura brasileira tem passado, nos últimos anos, por diversas crises e incertezas, em decorrência das forças de mercado e das políticas inadequadas ao setor, que provocaram redução na participação do País no mercado internacional. Apesar de o Brasil sempre ter ocupado posição de destaque na produção e exportação mundial, têm sido registradas sucessivas perdas em sua participação no comércio mundial, visto que sua cota nas exportações mundiais de café, no início da década de 1960, passou de 40% para 20% do total mundial, em 2000. Essa queda de participação do País no mercado mundial justifica a análise da competitividade nas exportações de café, com o intuito de verificar sua vantagem comparativa em relação a outros exportadores, e das transformações ocorridas no comércio desse produto após a implementação do Mercosul. O objetivo geral deste trabalho é verificar se, após a inserção do Brasil no Mercosul, houve grandes alterações nas exportações brasileiras de café, tornando possível ao País retomar parcela de seu antigo mercado externo. Os índices de intensidade de comércio, de orientação regional e de vantagens comparativas reveladas e o modelo de Constant Market Share foram utilizados na análise. Os dados empregados são anuais e englobam o período de 1990 a 2000, que foi subdividido em dois subperíodos; de 1990 a 1994, definido como pré-Mercosul, e de 1995 a 2000, período pós-Mercosul. Os valores dos índices de intensidade de comércio e de orientação regional foram todos maiores que um, o que indica que não houve aumento na intensidade de comércio, bem como reorientação de comércio entre o Brasil e o Mercosul, dado que esses índices apresentaram grandes oscilações após a implementação do acordo de comércio. Os valores positivos do índice de vantagens comparativas reveladas das exportações de café mostram que a cafeicultura no Brasil é altamente competitiva, em terceiros mercados. No que se refere ao modelo de Constant Market Share, verificou-se que no período total de análise (1990 a 2000) e no subperíodo de 1990 a 1994, o crescimento das exportações brasileiras de café é explicado pelo efeito do comércio internacional, e, no subperíodo 1995 a 2000, a queda nas exportações é explicada pelos efeitos do comércio mundial e pelo destino das exportações. Conclui-se que o Mercosul não afetou as exportações brasileiras de café, ou seja, não propiciou aumento na intensidade de comércio do produto em direção aos membros do bloco econômico.
During the last years the Brazilian coffee production has faced many problems. The causes are the market behavior inadequate sector policies that caused reduction in market share of Brazil’s coffee in the international market. Brazil, that was for a long time the bigger coffee producer, has been losing market share. Its participation dropped from 40% of world production in 1960, to 20% in 2000. This lost justifies a closer analysis to identify the coffee exportation competitivity, to find out Brazil’s comparative advantage among other countries, and to study the market transformations after the Mercosul foundation. The main goal of this theses is analyze if, the coffee exports has change, reinforcing your historical position into the international market with Brazil participation in Mercosul. The data used to calculate the indicators are the total and Brazilian "quantum" exports and the main destinations markets. The Constant Market Share model and other indices, as the revealed comparative advantage, commerce intensity and regional orientation are the coefficients to calculate Brazil’s competitivity, for two periods: first, before Mercosul, 1990-1994, and after Mercosul, 1995-2000. The intensity of commerce and the regional orientation indices are bigger than one, and show that there was not gain of intensity of commerce. The positive values of the revealed comparative advantage coefficient indicates that coffee is extremely competitive in the world market. The Constant Market Share, explained by the world market effect, denotes the increase of Brazilian coffee export in the whole period (1990-2000) and the first sub-period (1990-1994). On the second sub-period (1995-2000) the lost in the coffee exportation rates is showed by the world market effect. One may assert as conclusion that the Brazilian coffee exports do not significant by increased after the creation of the Mercosul commercial trade agreement.