Resumo:
Compreender os impactos de práticas agrícolas sobre os indicadores de qualidade do solo, como atividades enzimáticas, é de grande importância para avançar no diagnóstico e no manejo sustentável. Objetivou-se avaliar o efeito dos manejos agrícolas ecológico e convencional sobre as atividades enzimáticas de um solo em agroecossistemas sob cultivo de cafeeiro. As atividades enzimáticas foram associadas aos ciclos biogeoquímicos do nitrogênio (urease e protease), fósforo (fosfatase ácida e alcalina) e carbono (β-glicosidase), durante as estações chuvosa e seca. Propriedades físico-químicas do solo também foram avaliadas e relacionadas a escores de resiliência vinculados à variabilidade climática reportada para as áreas em estudo. As atividades de urease, fosfatase alcalina e ácida e ß-glicosidase foram estatisticamente maiores nos agroecossistemas ecológicos do que nos convencionais. Isto pode ser atribuído à maior aplicação de resíduos orgânicos no manejo ecológico, bem como à ausência de pesticidas e fertilizantes sintéticos, o que possibilita melhores condições para a atividade microbiana. Os escores de resiliência à variabilidade climática que mostraram as maiores correlações com as atividades enzimáticas avaliadas foram: conhecimento dos agricultores sobre micro-organismos do solo, não uso de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos e não dependência de insumos externos. Concluiu-se que as atividades enzimáticas são modificadas pelos sistemas de manejo, sendo especificamente favorecidas pelo manejo ecológico. Este agroecossistema, a longo prazo, assegura o uso eficiente dos recursos do solo, com menor degradação e contaminação.