Dois casos de variegação da fôlha do cafeeiro são estudados sob o ponto de vista anatômico, descrevendo-se, sobretudo, as diferenças histológicas que ocorrem em relação à constituição anatômica das fôlhas verdes, normais. No primeiro caso, as fôlhas variegadas são regulares na forma e na textura e embora exibam os mais diversos tipos de variegação, a sua constituição histológica é bastante idêntica à das fôlhas verdes das plantas normais. A variegação parece ser, então, devida a certos distúrbios no mecanismo da formação da clorofila, resultando no aparecimento de cloroplastos grandes, verdes e normais e cloroplastos pequenos, amarelados e anormais. Os diferentes tipos de variegação observados podem ser atribuídos à distribuição ao acaso de células contendo uma das duas categorias de cloroplastos citados. No segundo exemplo, sòmente um tipo de variegação ocorre em tôda a planta, e o fenômeno mostra-se muito mais complexo, pois as fõlhas além de variegação apresentam diversas irregularidades na forma e na textura da lâmina foliar. Neste caso, o estudo anatômico revelou que os cloroplastos são sempre normais, podendo a variegação ser atribuída à presença de uma hipoderme hialina, constituída de uma a três camadas de células, aparecendo logo abaixo da epiderme superior ou adaxial da fôlha. As anormalidades na forma e na textura do limbo foliar, por sua vez, seriam causadas pela ausência de um verdadeiro parênquima paliçádico, que nas diversas regiões da fôlha exibe todos os graus de desorganização, desde a sua completa ausência até à sua presença sob a forma de pequenos massiços de células paliçádicas. Como explicação para o fenômeno sugere-se que distúrbios de qualquer espécie, ocorridos durante o desenvolvimento ontogenético da folha, determinaram a divisão das células do protoderma segundo planos periclinais, disso originando-se a hipoderme hialina já mencionada, ao mesmo tempo que foi impedida a formação de um verdadeiro parênquima paliçádico. A grande atividade da gema apical dos cafeeiros que exibem êste tipo de variegação, tal como pode ser observada pelas freqüentes modificações na sua morfologia, conduziu essas plantas a um intenso desenvolvimento vegetativo, servindo de evidência em favor da hipótese de que distúrbios vários devem ter ocorrido durante o desenvolvimento daquelas fôlhas.
Two different types of leaf variegation in coffee plants are studied on the anatomical viewpoint, and their histological differences are described, when compared with normal, green leaves. In the first case, variegated leaves are normal in shape and texture, and show different variegation patterns, being histologically identical with green leaves of normal plants. The variegation seems to be due to disturbances in the chlorophyll-producing mechanism, resulting in the formation of large, green and normal chloroplasts, aad small, yellowish and abnormal chloroplasts. The distribution at random of cells having one of these two kinds of chloroplasts can be accounted for the different variegation patterns observed. In the second example, the variegation pattern is uniform throughout the entire plant, and is a more complex phenomenon, since besides being variegated the leaves present several malformations. The anatomical study has revealed that, in this case, the chloroplasts are always normal, the variegation being rather due to the presence of an 1-3-layered hialine hypodermis, which occurs right beneath the upper epidermis. The malformations, represented by abnormalities in the shape and texture of the leaf blade, are mainly due to the lackness of a true palisade parenchyma. This tissue shows all grades of disorganization in the various portions of the leaf, being sometimes present as small patches or palisade cells or lacking completely in other instances. It is suggested that disturbances of any kind should have occurred during the ontogenetical development of the leaf blade, leading the upper protoderm to divide periclinally, and thus giving origin to the 1-3-layered hypodermis, and preventing also the formation of a true palisade parenchyma. The great activity of the shoot apex of this coffee plant, as revealed by its shorter piastochron and more frequent plastochronic changes, has led the plant to a more intensive vegetative growth, and is an evidence to support the hypothesis of the disturbance occurrence during leaf development.